sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Trajetória (recado a um amor que já morreu)

por Vera Barbosa

Criação do Homem - Michelangelo

Vim para lhe dizer que já lhe perdoei, porque me perdoei antes. Por ter acreditado, apostado, me entregado. Não sei se muda alguma coisa na sua vida saber, mas fez toda a diferença na minha.

Foi um processo longo, exaustivo e bastante doloroso. Mas estou refeita e não há por que alimentar sentimentos que não me fazem bem. E, com o Natal, algo mais profundo toca o coração da gente, impossível ficar apática a essa comoção. Até porque não sou uma pessoa rancorosa, só preciso de um tempo para diregir os fatos e compreender o propósito das coisas.

Estou em paz. Desejo que também esteja.

Se me permite, só para elucidar... a forma como aconteceu ainda me causa tristeza, não vou mentir. Às vezes, lembro de tudo - e choro. Mas já entendi e aceitei o fim. "Não há por que chorar por um amor que já morreu". A vida segue seu curso, e a gente vai se adaptando. Um dia, uma semana, um mês...

Se foi feito, não há volta. São as escolhas de cada um, que só lhes dizem respeito, e sobre as quais terceiros não têm controle nem podem interferir. Cada um, somente cada um, pode saber o que é melhor para si.

A refação é lenta, milimétrica, requer cuidado e silêncio. Eu parei para escutar no silêncio que havia em mim, e onde seu silêncio gritava muito alto! E tudo, aos poucos, se transformou e voltou ao seu lugar.

De minha parte, não dá para ser amiga depois de tudo o que foi vivido, dito, sonhado e prometido. Não vim aqui com essa intenção. Apenas para lhe trazer votos de uma vida feliz.

Boas Festas junto dos seus!

Adeus.

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P.S. Hoje, eu sei "quando foi que a luz do poste se apagou".