sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Novo Tempo (Gratidão)

por Vera Barbosa



Tirei um cochilo e acordei sentindo...

A cada dia, meus desejos se renovam e se fortalecem. Não apenas para o novo ano que se anuncia, mas, hoje, principalmente porque ele está chegando. Afinal, a cada virada, renovam-se as esperanças no ser humano e num ano mais doce para todos. Minha intenção é simples.

Desejo que possamos nos empenhar em entender os propósitos das coisas e ser mais tolerantes e compreensivos. Perceber que há um motivo, inclusive, para cada uma das provações que enfrentamos é uma forma de aperfeiçoar nosso espírito, tão carente de aprendizados; saber valorizar as oportunidades que nos são oferecidas é uma dádiva. 

Ampliemos nosso olhar, dia a dia, a cada momento, a fim de que nossas ações sejam o diferencial de nossas relações. Sejamos sensíveis, humanos; menos egoístas, mais altruístas; menos amargos, mais amáveis; que tenhamos a humildade em aceitar (mas não passivamente) nosso fardo e fazer dele a alavanca de cada pedra a se retirar do caminho.

Não há gratidão sem que se compreenda o gesto - às vezes, aparentemente "pequeno" - de quem nos ama, aqueles que oferecem o que lhes é mais significativo em prol do nosso conforto e bem-estar, abrindo os braços em nossa direção. Há quem não pratique e, por isso, não compreenda a magnitude da ação.

2012: que seja um ano feliz!

(Post inspirado nos meus pais, donos de um coração imenso, sempre movido pelo amor, e que tanto fizeram e fazem por tantas pessoas.)

domingo, 20 de novembro de 2011

Afeto

por Vera Barbosa



         A legria por compartilhar
    F eito bolas de sabão
E xplodindo pelo ar
        T anto mar, tanto amor!
     O que a alma encantar




terça-feira, 15 de novembro de 2011

Intenções (Grãos de amor)

por Vera Barbosa



Os desejos que lançamos aos outros (e esses a nós) são muito poderosos, embora muita gente não se dê conta! Um "Deus lhe abençoe" nos protege de toda a maldade. Um "eu te amo" faz a gente se sentir tão importante! Um sorriso ou um abraço afetuoso transformam o nosso dia e a gente mesmo, enchendo o coração de paz. Quando lançamos uma intenção benéfica ao próximo, ela retorna com a mesma intensidade para nós. Por isso, é importante oferecer ao outro o que temos de melhor. Amor é troca. E quem semeia vento colhe tempestade. Pense nisso.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sonhos não envelhecem

por Vera Barbosa
fotos: Suely Carvalho

Show de Lançamento do CD "Encantos"- Guiomar Szabo

Sábado, 29 de outubro de 2011, Santos. Teatro Guarany lotado. Começa o espetáculo. Sua voz ecoa, mas ela não está no palco. Suspense. E eis que ela surge da plateia, encantadora! Foi assim que Guiomar Szabo, a Guigui do bandolim, deu início ao show de lançamento de seu primeiro CD, gravado aos 76 anos de idade. Ao som de A noite do meu bem (Dolores Duran), ela percorreu a escadaria do teatro e arrancou aplausos e lágrimas do público presente. 

Guiomar e seu bandolim: as rosas não falam, mas cantam o amor
Santos a acolheu de braços abertos desde a década de 70 e foi a cidade escolhida por ela para  realizar seu sonho de menina. Na cidade, destacou-se na noite ao tocar ao lado de figuras emblemáticas da música local, como Dadinho do bandolim e o Regional Flor Amorosa. Atualmente, é crooner do conjunto Românticos da Seresta.

O álbum Encantos vem coroar a trajetória de mulher vitoriosa e que sempre esteve à frente de seu tempo. Com três faculdades e sólida carreira no setor público (com 37 anos dedicados à Secretaria da Saúde), além de seu escritório de advocacia, ela não abandonou a paixão pela música. Seguiu, desde os nove anos, cantando e tocando. Vibrante, afinada e uma das poucas mulheres que tocam bandolim, Guiomar é artista respeitada em toda a Baixada Santista e encantou o teatro, que teve casa cheia nesse sábado.

Guiomar e Terezinha: emocionadas
Incentivada por amigos e familiares, teve o apoio financeiro da amiga Terezinha Maria Calçada Bastos, que investiu em seu projeto e tornou possível sua concretização. Atuante, Guiomar dedica-se ao voluntariado e pertence ao Clube Soroptimista Internacional de Santos, no qual exerceu a Presidência, a Tesouraria e foi eleita “Mulher Símbolo 2002”. Com a companheira Terezinha, do Clube Soroptimista Santos-Praia, deu andamento a projetos significativos na área social.


Luizinho 7 cordas e seu dedilhar mágico
O show, assim como o CD, foi recheado por belíssimas canções da música popular brasileira que marcaram sua vida. No telão, ao fundo do palco, eram projetadas fotografias do arquivo pessoal da intérprete e que davam ainda mais vida à apresentação. No repertório, clássicos como Naquela mesa (Sérgio Bittencourt), Ronda (Paulo Vanzolini) e Último desejo (Noel Rosa).




Guiomar e os músicos: sintonia


Guigui foi acompanhada pelos músicos Luizinho 7 Cordas (violões), Agnaldo Luz (Bandolim), João Poleto (sax e flauta), André Amorim (cavaquinho) e Carlinhos (pandeiro).






Guiomar e Jorge Maciel: contentamento


Com produção do músico e compositor Jorge Maciel, roteiro da jormalista Vera Barbosa e arranjos do maestro Luizinho 7 cordas, a apresentação contou com um ingrediente especial: a emoção da intérprete.






Guiomar em momento intimista


Nessa noite de nostalgia e sonhos, o espetáculo reuniu a imensa família da artista, que, da plateia, a homenageou com a música Como é grande o meu amor por você, de Roberto Carlos. A supresa tocou o coração de Guiomar.

Em Carinhoso (Pixinguinha), escolhida para o encerramento, Guigui convidou a plateia a cantar com ela. No bis, vestiu seu xale português e entoou o fado Foi Deus (Alberto Janes). Lembrou dos pais e homenageou os irmãos, que foram às lágrimas.



Ao final da apresentação, que durou cerca de uma hora e meia, ela ainda demonstrou vitalidade ao autografar CDs a todos os presentes por, aproximadamente, duas horas. A renda, assim como a bilheteria, foi doada aos Clubes Soroptimistas da Baixada Santista.

Questionada sobre o que lhe falta conquistar, entusiasmada anunciou que "agora, só falta um sonho: vencer o Prêmio Talentos da Maturidade 2011". Que energia!

Repertório do show:
01. Ingênuo (Pixinguinha) - Instrumental
02. A noite do meu bem (Dolores Duran)
03. As rosas não falam (Cartola)
04. E o Cartola partiu (Jorge Maciel)
05. Último Desejo (Noel Rosa)
06. Por causa de você (Dolores Duran e Tom Jobim)
07. Eu sei que vou te amar (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
08. Linda flor (H.Vogeler /C. Costa/ M. Porto e Luiz Peixoto) 
09. Arranca toco (Jaime Florence) - Instrumental
10. Naquela mesa (Sergio Bittencourt)
11. Ronda (Paulo Vanzolini)
12. Negue (Adelino Moreira/Enzo de Almeida Passos)
13. Carinhoso (Pixinguinha e João de Barros)
14. Foi Deus (Alberto Janes) – (BIS)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Delicadezas (apenas seguirei como encantado ao lado seu)

por Vera Barbosa



Meu doce encanto, meu querer bem

Botão em flor, sono de neném

Bola de sabão, pipa no céu

Sublime amor é você, Rui Gabriel


Bola de meia, meu pedalar

Raio de sol, mar tão azul

Algodão doce, barco de papel

A paz da vida é você, Rui Gabriel


O meu cantar, o arco-íris

Cavalos-marinhos, peixinhos no mar

Pipoca doce, lua no céu

Meu doce amor é você, Rui Gabriel


Tuco é um apelido simples de gravar

Só o que é belo me faz te lembrar

O seu amor pinta meu céu

Dia luz é você, Rui Gabriel


(para meu sobrinho Rui Gabriel, o Tuco.)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu apenas queria que você soubesse (a minha ternura não ficou na estrada)

por Vera Barbosa



Tem gente que se esquece do passado só porque está bem no presente. Esquece de quem lhe estendeu os braços nos árduos momentos. Só porque comeu o pão que o diabo amassou (mas não morreu!), pensa que está livre dos percalços da vida. Perde a humilidade, não tem gratidão por quem lhe acolheu. Fere e humilha o próximo.

Esse tipo de gente é digna de pena, pois nunca conhecerá o verdadeiro significado de solidariedade; a recebeu, mas jamais a terá para dar.

Eu apenas queria que você soubesse.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mar e Amor (Coisas que só o coração pode entender...)

por Vera Barbosa



Quando eu falo de mar

Estou falando de amor

Você não pode entender

E eu não quero explicar



Você precisa alcançar

E eu não vou te dizer

O que se tem de sentir

Antes de entender



Eu quero o sal do mar

Quando sua pele eu tocar

E te sentir derreter

Quando o sol chegar



Sou estrela do mar

A te percorrer

Sou raio de sol

Para te aquecer



Você precisa alcançar

E eu não vou te dizer

O que se tem de sentir

Antes de entender



Quando eu falo de mar

Estou falando de amor...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Compreender para empreender (Quem sabe faz a hora, não espera acontecer)

por Vera Barbosa

Abstraia. Sorva. Absorva.



Consuma. Recolha. Assimile. Aprenda.



Alcance. Entenda. Compreenda.



Conheça. Domine. Apreenda.



Execute. Realize. Empreenda.


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Absorver
1 Embeber-se de. 2 Sorver, como na ação osmótica, capilar, química, solvente etc. 3 Consumir, dissipar, subtrair. 4 Concentrar. 5 Submergir. 6 Abrigar, recolher. 7 Arrebatar, enlevar, entusiasmar. 8 Açambarcar, monopolizar. 9 Dominar, ocupar. 10 Aplicar-se, concentrar-se. 11 Amortecer. 12 Assimilar.

Aprender
1 Ficar sabendo, reter na memória, tomar conhecimento de.

Apreender
1 Tomar posse de. 2 Assimilar mentalmente.

Compreender
1 Conter em si, constar de; abranger. 2 Estar incluído ou contido. 3 Alcançar com a inteligência; entender. 4 Perceber as intenções de. 5 Estender a sua ação a. 6 Dar o devido apreço a.

Empreender
1 Resolver-se a praticar (algo laborioso e difícil); tentar, delinear. 2 Pôr em execução. 3 Realizar, fazer.

(Dicionário Michaelis)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mart'nália e Paulinho da Viola na Virada Cultural 2011

 por Vera Barbosa


Imagem: Jann Barbosa

Acabei de chegar em casa, e minha euforia trouxe-me direto ao computador. Embora um pouco alta (dadas as doses de cerveja e emoção), fiquei me perguntando que magia é essa que faz o povo ser feliz. De onde vem essa alegria contagiante, esse prazer de sorrir e sonhar, que faz das pessoas a tradução da felicidade? Eu digo: vem do amor, de amar; do prazer de ser e estar à vontade, em casa, feliz. Vem da música, da arte. Afinal, o povo sofre tanto e tem tantas dificuldades, que liberar essa adrenalina de forma tão pacífica e natural é uma sensação ímpar.

O samba traduz, como nenhum outro ritmo, as expectativas e os sentimentos desses milhares de pessoas. E, num mundo de tanta violência e contradições, em que tanto se busca o ter e fazer, ser você mesmo e saborear as nuances da harmonia num público tão diversificado é de enlouquecer. À parte problemas de som e de organização, estar com Mart'nália e Paulinho teve um quê de quero mais; algo de sublime, intenso e, ao mesmo tempo, fulgaz.  

Eu entrei em transe ao experimentar! Estava ali, no meio do povão, tão à vontade, tão tranquila, que pude saber: ser feliz é bem possível e custa bem pouco - ou quase nada. A Virada Cultural 2011 atestou a capacidade de interação com respeito às diferenças. E a simplicidade, mais uma vez, foi a palavra de ordem. Não importava sua tribo ou sua cor, sua religião, seu time de futebol ou seu partido político. Hoje, em São Paulo, era necessário ser.

Mart'nália brindou seu público com descontração, num repertório (como ela) leve, solto. Para onde se olhava, era possível constatar a alegria. "Entretanto", "Cabide", "Ex-amor" e "Pé do meu samba" foram algumas das canções que iluminaram o pôr do sol de Sampa, nesse domingo, 17 de abril, e fizeram a platéia sacudir os ossos e arejar os pulmões.

Depois, veio Paulinho da Viola, a elegância e o requinte na maior e melhor porção de simplicidade e sabedoria de um astro consagrado da MPB. Valeu a pena esperar quase uma hora e meia para ver o filósofo do samba desfilar sua elegência e delicadeza. "Coração leviano", "Sinal fechado", "Nervos de aço" e "Timoneiro", entre outros sucessos,  emocionaram os presentes no palco República. Paulinho tem a dose certa da verdade de cada um, aquele algo mais que a gente tenta dizer, e não consegue. Ele alcança nosso íntimo como ninguém!

Nas bandas que acompanharam os dois artistas, músicos de primeira grandeza, com destaque para a participação mais que especial do maestro Cristóvão Bastos e da Orquestra de Cordas de Curitiba. Mais uma vez, São Paulo está de parabéns por proporcionar 24 horas de lazer e cultura para tanta gente tão diferente e, ao menos tempo, tão parecida. Afinal, "a gente quer comida, diversão e arte!"

Virada Cultural 2011: um brinde à diversidade e ao talento!

sábado, 19 de março de 2011

Dia de domingo (tudo vai ficar por conta da emoção)

por Vera Barbosa


Sábado à noite, e decidi ficar em casa. Está frio, convidativo. Tomei um banho quente, vesti meu pijama, fiz um chazinho e vim para o computador por volta das 19 horas. Pouco depois, o bairro ficou sem energia elétrica, e minha única opção foi ouvir rádio. Sintonizei a Alpha FM no celular.  Estou acomodando (para não incomodar ninguém) os sentimentos, então, nada melhor que ouvir o próprio silêncio e divagar em canções tranquilas.

Entre tantos pensamentos vãos e descompromissados, viajei no porquê de eu preferir o sábado ao domingo. Dentre outras reflexões, lembrei-me de ter nascido num domingo à tarde, mais precisamente às 13h45, o que, provavelmente, deixa tal dia tão preguiçoso para mim. Afinal, domingo é dia de estar em família, esperando a famosa macarronada (ou aquela saladinha no caso de, como eu, você estar de dieta). É dia manso, morno, bom para quem está namorando ou estudando para uma longa semana de provas. Salvo raras exceções, os dois dias que o antecedem são bem mais movimentados e interessantes, ao menos, para a maioria.

Observe a fisionomia das pessoas numa sexta-feira à tarde/noite. É dia de happy hour, descontração, hora de esquecer o paletó e a gravata e todas as preocupações profissionais. É o anúncio do tão aguardado fim de semana, que promete um bate-papo em boa companhia, namoro no cinema ou sob o edredom, o futebol com os amigos, a baladinha com a galera, um churrasco no fundo do quintal. Na sexta-feira, as pessoas se reúnem para uma cervejinha e degustam seus prazeres em mesinhas nas calçadas. Entre um aperitivo e outro, elas discutem todos os problemas do planeta e encontram soluções para todos eles! Salve a democracia, a tolerância, a diversidade. Numa sexta à noite, não há lugar para combatentes, apenas para quem está a fim de relaxar. A palavra de ordem é alto-astral.

Sábado é dia de soltar os bichos e sacudir! Todo mundo quer estar bonito e atrair os olhares de todos que estão à sua volta. Você escolhe o melhor vestido, a camisa mais irada, modela os cabelos, pinta olhos e lábios, analisa cada perfume. É dia de ser fashion no seu estilo próprio, dançar, ousar, conhecer uma nova paquera, liberar suas mais íntimas fantasias ou, apenas, ficar bem consigo mesmo(a). No sábado à noite, tudo pode acontecer! Até porque sabe-se haver o dia seguinte para descansar e curar a ressaca ou, simplesmente, o cansaço semanal. É o momento de se permitir, extravasar, transgredir (sem agredir), se divertir e experimentar. É possível ser excêntrico, exótico, emo, dark, gótico!  E tudo de uma forma bem natural, sem rótulos. O único limite é o respeito à individualidade.

Domingo bom, para mim, é na cama: ver um filme, ouvir música, ler um bom livro ou uma de minhas revistas prediletas. Raramente, fico inspirada para sair de casa, embora aconteça algumas vezes. Gosto de sair à tarde, para ver a rua, tomar um sorvete... ou para ir à Livraria Cultura admirar meus mais adorados objetos de desejo enquanto tomo um café expresso. Um cineminha também pode me excitar, confesso, mas vencer a inércia domingueira é o grande desafio. Acordar cedo nem pensar! Só se for para ver algum evento esportivo muito aguardado. Porque domingo tem cara de preguiça e aconhego, tons e sons de quietude. Sobretudo, quando está chovendo e a gente está apaixonada. Porém, tudo muda se eu estiver na praia. Ali, tiro os pés do freio! Saio para caminhar, chutar água do mar, pegar umas conchinhas e uma cor enquanto espero o pôr do sol, que sempre me fascina.

Quando a noite cai, o encanto termina. É o silêncio que precede a segunda-feira, e tudo se transforma. Uma certa melancolia invade as casas, as pessoas entristecem. Hora de preparar a cama, escolher a roupa do dia seguinte, pensar naquela reunião com os superiores, fornecedores ou clientes; separar o material, reler a cola para a prova matinal, que será assustadora, e programar o despertador. Quando entra a trilha do Fantástico, então, todo mundo sabe que o fim de semana acabou, e o ciclo tenso recomeça. É hora de a irreverência dar lugar às responsabilidades.  Não gosto de domingo. Será que, se ele fosse no meio da semana, seria diferente?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Teus olhos (assim como ver o mar)

por Vera Barbosa



Com a devida licença poética, "teus olhos abrem pra mim todos os encantos". Confesso que não sabia o que era isso, há muito tempo, e já não botava fé no inusitado. E, mais uma vez, o desejo se fez revelar. Foi assim "a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar". A paixão me permite juntar o tu com você.

Você sabe que tudo aconteceu de forma surpreendente, pois não havia qualquer expectativa sentimental em relação ao nosso primeiro encontro. Afinal, era um "ajuste de contas" ainda que indireto (riso). Estávamos saindo de uma trama de novela das oito, essas coisas de que se ouve falar sobre mentes perturbadas, pessoas desonestas e mal intencionadas, e que nunca se tornam normais pra gente que é normal. Não vou detalhar as entrelinhas (você as conhece tão bem quanto eu), fica subentendido o propósito.

O fato é que te saber hoje - e com todas as nuances de seu temperamento, humor e personalidade - é um encantamento. É isso: estou encantada. Tem sido mágica e prazerosa a proximidade. Adoro seu cheiro, sua pele, seu toque. Sua língua é cometa no céu da minha boca. Seus olhos de mar mergulham no meu mais profundo segredo. Seus dedos, estrelas cadentes... brilhantes... percorrendo minha pele, vasculhando as entranhas e desnudando minha alma. Sinto falta dos seus beijos, de nossas conversas, da sua companhia.

Você chegou iluminando tudo! Tem sido uma delícia compartilhar minha vida, meus grilos, minhas alegrias com você. Eu quero tudo com você: e um pouco mais. "O universo conspira a nosso favor, a consequência do destino é o amor".

Beijo meu.

Sua namorada

domingo, 9 de janeiro de 2011

Até quando? (ano novo, hábitos velhos)

por Vera Barbosa


O ser humano, salvo raras execeções, é mesmo incorrigível. Entra ano, sai ano, e as pessoas não modificam suas atitudes. A hipocrisia e a falta de transparência, de forma geral, comandam as relações familiares, profissionais e também os laços de amizade (amizade?). E, quando chega o Natal, um espírito de comoção invade as repartições e as casas, e todos passam a se amar incodicionalmente. Todo mundo se adora, quer o melhor para o próximo como a si mesmo. Infelizmente, no fundo, o que quase todo mundo quer é se dar bem, não importando a que preço e, infelizmente, o discurso do bom samaritano se perde nos primeiros dias do ano novo - se não antes.

Condenamos os políticos e as figuras públicas por seu mau caratismo e falta de ética, mas o indivíduo comum, genericamente falando, não se policia e não conduz suas relações com respeito e franqueza. Por essas e outras, continuamos a ser o país do jeitinho e dos conchavos, no qual eu faço que não sei, você finge que não sabe que eu sei e eu finjo que você acreditou. E, assim, vamos vivendo todos uma grande farsa.

A solidariedade e o respeito mútuo vão para o ralo quando a questão é o "eu", o outro que se dane, o individualismo perdura. As pessoas, em sua maioria, são dissimuladas, corruptas e mal intencionadas. Agem aos pares ou em grupo, uns sustentando os péssimos hábitos dos outros, a fim de se "protegerem". Se você não se enquadra e não participa, fica visto como o desagradável, o mal-humorado, talvez o encrenqueiro ou perturbador da paz. Mas a verdade é que sua transparência incomoda, pois a maioria é passiva e não quer se expor.

Há os que participam dissimuladamente e também os que não querem se "queimar" e, portanto, nunca se manifestam. Afinal, dá trabalho conflitar, discutir, se opor. Muito mais fácil ficar em cima do muro, não se incomodar e dizer amém a tudo e todos. "Eu não sei de nada", costumam dizer quando questionados, com as mãos para cima em sua defesa. São pessoas mornas, que não optam entre o quente e o frio, mas que ficam no meio termo a fim de se resguardarem dos conflitos. Eca, me dá asco! Isso é uma das coisas que mais me irritam na face da terra: gente sem atitude e posicionamento.

E por que estou falando tudo isso a um dia da virada do ano? É simples, eu explico. Porque, mais uma vez, testemunho essa representação por todos os lados. É um tal de beijo-abraço-aperto de mão muito mal encenados. Alguns desses artistas são tão medícores, que eu fico sem graça diante do faz-de-conta; é a tal "vergonha alheia" de que falam os jovens.

No novo ano, de verdade, desejo que as pessoas reflitam sobre sua nobreza e generosidade, o que lhes faz ricos ou pobres, pequenos ou grandes. Peço, sugiro, rogo que olhem para dentro de si, profundamente, e se descubram. E que percebam a necessidade de mudar. Como diz o Pensador, "quando a gente muda, o mundo muda com a gente / na mudança de postura, a gente fica mais seguro / na mudança do presente, a gente molda o futuro."

Desejo que as atitudes, assim como o ano, se renovem; que as pessoas façam planos e os objetivem com metas realistas! Que cada um seja mais humano, menos racional, exponha-se mais, corra riscos, permita-se errar, ame com liberdade. Sigamos o sábio conselho que diz que "o mundo pertence aos que se atrevem". Acomodar-se é dizer sim à mentira e à mediocridade.

Feliz 2011!
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Escrito em 30/12/10