por Vera Barbosa
Somos mobilizados por afeto.
Memória afetiva é um aglomerado de percepções sensoriais que determinam nosso desenvolvimento psicológico. As lembranças afetivas (algumas delas inconscientes) são fundamentais ao auto-conhecimento. Quando resgatamos memórias afetivas, trabalhamos nossa consciência e a capacidade de transformar o que nos foi doloroso, podendo seguir em frente.
As várias performances da memória definem quem somos:
O conforto e a proteção do útero da mãe,
as primeiras sensações emocionais.
O primeiro passo,
a primeira palavra,
as primeiras carícias.
Uma pessoa,
uma cor,
uma flor,
um lugar,
um odor,
um sabor,
um som.
A primeira professora,
o primeiro amigo,
o primeiro amor.
O primeiro boletim,
a primeira formatura,
o primeiro diploma.
O primeiro filme no cinema,
a primeira ida ao parque de diversões,
o primeiro picadeiro.
O primeiro algodão-doce,
a primeira pipoca,
o primeiro sorvete.
O primeiro encontro com o mar...
O primeiro pôr-de-sol na praia...
O primeiro mergulho.
A primeira festa de aniversário,
o primeiro encontro,
a primeira despedida.
O primeiro beijo,
a primeira transa,
o primeiro orgasmo.
A primeira perda,
o primeiro não,
a primeira decepção.
O primeiro livro,
a primeira leitura,
a primeira fantasia.
O primeiro emprego,
o primeiro salário,
a primeira conquista.
A primeira alegria.
A primeira tristeza.
E uma música.
No meu caso, sobretudo, uma música.
Os diálogos entre passado e presente estimulam nossos campos cognitivos, levando-nos a reconstruir momentos, sensações, paisagens e sentimentos, já que a memória afetiva é carregada de subjetividades.
Revisitando, analisando, compreendendo e interpretando os signos de nossas experiências afetivas, direcionamos melhor o nosso desenvolvimento pessoal e nossa trajetória.
* Ao som de Sozinho - Caetano Veloso
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