por Vera Barbosa
Adoro quando o texto é engraçado, divertido e me pego rindo sozinha diante dos olhares aflitos dos passageiros à minha volta. Mas também me emociono, e é curioso vê-los com uma interrogação enorme na testa, loucos para perguntar por que estou chorando.
Hoje, no metrô, ao voltar sentada e ler Rubem Alves, me emocionei com um trecho em que ele relembra, ternamente, alguns momentos de infância e a saudade do pai. Por segundos, esqueci onde estava e me deixei levar pela delicadeza das palavras. As lágrimas escorreram, nem me dei conta, e fui surpreendida com a senhorinha ao meu lado, que, esticando a mão, tocou meu braço e ofereceu um lencinho de papel murmurando "não chore, minha filha, vai dar tudo certo", no que respondi sem pensar "é, no final, sempre dá certo".
Guardei o livro na mochila, me despedi desejando-lhe um bom dia e desembarquei sorrindo naquela estação.
(Ao som de "Naquela estação" - Adriana Calcanhotto)
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