terça-feira, 22 de maio de 2012

Sobre o exercício de amar (Revelar todo o sentido)

por Vera Barbosa



Quem nunca quis viver um amor de novela ou cinema, daqueles que nunca morrem e cujos protagonistas se perdem nos anos e, um dia, se reencontram e descobrem que nunca deixaram de se amar? Amores impossíveis, que enfrentam tudo e todos para acontecer. Amores de romances, que sangram e voltam a brilhar como se nunca tivessem se apagado. 

Amores juvenis, daqueles que fazem você rir de si mesmo e tudo a sua volta, como se nada fosse mais importante que vocês. Sabe amor de juventude? Que pega garupa na bicicleta, toma banho de cachoeira,  sorvete na praça, cinema, parque de diversão... Ou um amor maroto, com molejo e pimenta, mas recheado de poesia, vinho e ternura. 

Na vida, a gente experimenta um pouco de tudo isso, mas nunca tudo ao mesmo tempo, claro. 

Já vivi o suficiente para amar, sorrir, chorar, sangrar e renascer, e sei que nada se repete. Tudo é novo de novo. Porque somos, inclusive, resultado do que o outro desperta em nós e do que despertamos nele. A troca é simultânea. Ninguém é, genuinamente, puro a ponto de não ser estimulado e, tantas vezes, influenciado por sensações e olhares diferentes. 

Nenhuma presonalidade permanece intacta depois da convivência. E o mais interessante é que a gente se recicla a cada começo-meio-e-fim, mas continua sendo a gente mesmo. A alma se renova, tudo se transforma, mas a essência permanece. Revestida, talvez, de detalhes absorvidos na passagem das horas a dois, com o que ficou do encantamento, dos momentos mais íntimos, das descobertas e anseios, das perdas e ganhos. 

É o mistério de recomeçar. Deve ser essa a grande lição de amar e desamar: se descontruir, reconstruir e voltar mais madura, inteira, acreditando ser possível. De novo.

"Nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo."

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